Novidades, que na verdade não nasceram agora.
Muitas já estão no mercado há pelo menos 2 décadas , porém estão na mídia com força total como se fossem novas, e muitas vezes explicadas por alguns como se fossem coisas revolucionárias capazes de fazer milagres , como tratamentos instantâneos e sem extrações para todos os casos.
Na postagem "Como escolher seu ortodontista", nós indicamos o caminho mais seguro para escolher o profissional que saberá o diagnóstico e qual tratamento fazer.
Vejamos então algumas destas novidades:
Brackets estéticos
Arcos de fibra de vidro
Aparelho lingual (ou invisível)
Brackets auto-ligados
Aligners invisíveis (também conhecidos como “aparelho invisível”)
Brackets estéticos
São feitos de cerâmica (na foto acima) e safira (abaixo)
Na verdade o bracket chamado de "safira" é
feito de uma cerâmica monocristalina, tão translúcida que parece a pedra, por isso deu-se o nome de "safira" para este bracket cerâmico.Os brackets ditos simplesmente de cerâmica são feitos com cerâmica policristalina, não tão translucida quanto a anterior, mas ambas de excelente resistência , não colorem, tem menor incidência de descolagem.
Não se fabrica ainda este de safira do tipo autoligado
O bracket nada mais é do que um “guia” onde se encaixa um
fio que irá imprimir uma força capaz de movimentar o dente. O encaixe deste fio
neste guia e a quantidade de força que se imprime são muito importantes.
Existe outra opção ainda mais estética , que é sim um autoligado, mas o lingual, que é descrito mais abaixo.Lembrando que ainda que as técnicas e materiais utilizados evoluam, o que produz o resultado do tratamento é o ortodontista, e não o material utilizado.
Por exemplo, um fio encaixado com mais “justeza” é muitas
vezes mais desejado do que um que fique totalmente sem atrito ou “folgado”.
O ortodontista precisa de movimentos dos dentes nos 3
planos, e muitas vezes o atrito do fio ao bracket é muito desejável.
Isto tem sido muito mencionado no uso dos brackets
autoligados ao explicar as pessoas que estes não produzem o “atrito”
produzido pela borrachinha que prende o fio nos brackets convencionais. Existe
sim alguma redução, mas não tem o significado que se tem pretendido atribuir na
mídia de hoje.
A mecânica de Ricketts, por exemplo, que usa arcos segmentados, não requer brackets auto-ligados para não produzir atrito.
Temos na internet alguns links sobre estudos que explicam
estas diferenças (entre a eficácia dos brackets autoligados X brackets
convencionais), tentando desmistificar esta importância que se deseja atribuir
a estas diferenças como se isto fosse crucial no resultado de um tratamento
ortodôntico. - Não é. A mecânica de Ricketts, por exemplo, que usa arcos segmentados, não requer brackets auto-ligados para não produzir atrito.
Estes arcos são mesmo bonitos, mas ainda não possuem
propriedades iguais as dos arcos metálicos. Estes arcos não aceitam dobras e
são bem menos resistentes.
Aquele onde os brackets são colados pela face interna
(lingual) dos dentes.
Este é conhecido como aparelho invisível, pois ele estando
pela face interna ele não é percebido por quem olha para você
Brackets auto-ligados
No link abaixo voces assistirão uma animação que "pretende" convencer, através de recursos gráficos (lembremos que não é um paciente com dentes, ossos e forças musculares, mas sim somente recursos gráficos) da capacidade de expansão de arco dos fios de titânio + brackets auto-ligados.Uma informação - os fios de memória de titânio, inclusive os termo ativados já são utilizados por mais de 20 anos , e por mais que o comércio queira transformar a ortodontia num entretenimento, não será possível fazer estes "milagres gráficos" acontecerem nos pacientes. O colega que discordar, peço a gentileza de enviar imagens do antes e depois dos casos que eles conseguiram este milagre, mas terá de ser depois de 3 anos do término do tratamento comprovando a estabilidade do milagre acontecido.
Outra informação - as técnicas que utilizam arcos segmentados já não produzem atrito com os brackets, já se vão estes mesmos 20 anos.
Mais outra - expansão dos arcos só consegue estabilidade se forem feitas com forças ortopédicas, coisa que nenhum destes fios poderia produzir.
Mesmo assim, amigos, depois de terem lido minhas considerações acima, assistam a animação, fará voces pensarem.
http://www.youtube.com/v/M_dZZRw2UkI&autoplay=1
A diferença destes para os convencionais é a forma de
prender o arco ao slot (espaço onde encaixa o fio) do bracket.
Os auto ligáveis tem uma “tampa” que prende o fio e
substitui as borrachinhas.
É novidade? NÃO
Estes brackets já existem há 2 décadas bem como os fios
“leves” de memória pré-contornados, alguns deles com propriedades
térmicas .
Estes fios associados a estes brackets são capazes de
produzir expansão dos arcos e eliminar as extrações dentárias dos diagnósticos
ortodônticos feitos pelos especialistas? NÃO
Estes fios já são utilizados , como já mencionei, há pelo menos
duas décadas e já vem sendo instalados (encaixados) nos brackets
convencionais por todo este tempo.
Estes fios facilitam o alinhamento dos dentes nos
arcos, por serem muito flexíveis e dispensarem a confecção de alças nos fios
elásticos que são menos flexíveis, porém, as alças oferecem um controle da
quantidade de força que se utiliza, pois elas segmentam os arcos, e a
quantidade de força que se usa para movimentar cada dente é vastamente
conhecida há muito tempo por todos os especialistas devidamente habilitados.
Na verdade, um fio destes flexíveis e continuo (sem alças)
pode imprimir SIM uma quantidade de força maior do que se deseja e produzir
reabsorções de raízes. Isto vai depender do calibre do fio e sua forma de
utilização.
Nossa ortodontia atual está avançando mais e mais, e tentando facilitar a técnica, diminuir o tempo de tratamento, melhorar a estética e conforto dos dispositivos que compõem os aparelhos ortodônticos.
Nos aparelhos linguais, devido a dificuldade de confecção das dobras dos fios que são instalados por dentro da boca, robôs se encarregam de fazer precisamente as dobras.
Não inventaram, porém, ainda, um robô que fará o diagnóstico e tomará a decisão de qual dispositivo, técnica, quantidade e direção da aplicação das forças , que nós ortodontistas fazemos.
Mas amigos, é ótimo fazer o trabalho todo, com robô, sem robô, com brackets convencionais, estéticos, auto-ligados, tudo mesmo. O chato é RETRATAR o número de pacientes que nós especialistas temos tido cada vez mais, justamente devido a tentativa de alguns profissionais "venderem" inverdades.
Esta técnica utiliza jogos de alinhadores removíveis
(moldeiras) feitos sob medida.
Os alinhadores são praticamente invisíveis e alinham seus
dentes passo a passo alcançando uma estética do sorriso satisfatória.
Todo o processo de produção envolve tecnologia de ponta de
escaneamento 3D e prototipagem onde tudo é automatizado e os alinhadores são
produzidos transformando as suas moldagens sequenciais escaneadas numa série
personalizada de alinhadores.
O tratamento utiliza de 18 a 30 alinhadores em média, sendo
usados por 30 dias cada um, aproximadamente.
Algumas considerações:
A verdade sobre a Ortodontia moderna é que a
propaganda entrou nesta especialidade como uma enxurrada de novidades,
(algumas realmente nada novas) cujo objetivo é trazer mais e mais pacientes
para os tratamentos, o que é válido, claro, porém isto não descarta a
necessidade de formação especializada dos profissionais e muito menos invalida
a necessidade de domínio da técnica ortodôntica por parte do profissional, seja
ela qual for, utilizando este ou aquele bracket.
O mesmo poderíamos dizer, e fazendo uma comparação, com as
novidades na medicina. Novos medicamentos e materiais de nada adiantam se não
houver um diagnóstico correto.
Na Ortodontia , a escolha por um aparelho ortopédico
funcional, aparelho fixo, móvel, invisível ou não, extração ou não, cirurgia
ortognática ou não, bem como a idade em que se deve iniciar o tratamento, todos
tem a devida indicação.
Existe um exagero em se imputar extrema importância sobre
qual bracket e qual fio utilizar. A Ortodontia é bem mais ampla do que isto.
A redução da incidência de extrações na Ortodontia já
aconteceu há muito tempo, e isto foi devido a economia de espaço nas arcadas
com o uso da técnica de ancoragem e expansão dos arcos, esta última que só pode
ser feita em casos específicos que ofereçam estabilidade destas expansões.
O especialista deve também conhecer a fisiologia das
articulações, a função muscular e seus efeitos sobre as arcadas, o
desenvolvimento da dentição , diagnóstico cefalométrico, fisiologia e
crescimento da face.
Um especialista não tem dificuldade em escolher e oferecer
ao seu paciente qual técnica é melhor.
Uma pessoa que não deseja um sorriso metálico já tem opções
de tratamento, o que é excelente, mas um caso que necessite um maior controle
sobre os movimentos das raízes dos dentes ainda tem nos brackets convencionais
maior vantagem e possibilidade de domínio destes movimentos pelo especialista,
e existem também brackets estéticos convencionais de safira que são lindos,
conforme mencionei anteriormente.
O tempo do tratamento é muito mais controlado pelo domínio
da técnica utilizada e assiduidade do paciente
Eu costumo dizer que a melhor técnica é aquela que o
especialista mais domina.
Sei que embora exista uma grande curiosidade e desejo por
parte da população em usufruir das maiores novidades do mercado, existe também
o desejo de encontrar um profissional especializado do qual se possa entregar a
própria saúde com total segurança.
É preciso que as pessoas percebam a diferença entre ciência
e capacitação profissional com entretenimento.
Vou encerrar este texto lembrando que explicações muito
simplistas sobre assuntos complexos que visam “vender” serviços de saúde em
forma de atendimentos muito práticos e em série podem e devem sim ser
bastante questionados.
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